
Um estudo realizado pela Universidade de Oxford revelou que o modelo de precificação dinâmica do Uber tem impactos negativos tanto para os motoristas quanto para os passageiros. A pesquisa indica que, após a adoção desse sistema, os usuários passaram a pagar mais pelas corridas, enquanto os ganhos dos motoristas diminuíram. Ao mesmo tempo, a empresa aumentou sua participação na receita.
O levantamento foi conduzido por pesquisadores do Departamento de Ciência da Computação de Oxford, que analisaram dados de 258 motoristas do Reino Unido, totalizando mais de 1,5 milhão de viagens realizadas entre 2016 e 2024. Os resultados mostram uma mudança significativa a partir de 2023, quando a Uber implementou um novo algoritmo de preços.
Uber lucra mais, enquanto motoristas recebem menos
- De acordo com o estudo, o algoritmo faz com que a “taxa de serviço” do Uber — ou comissão — aumente proporcionalmente em viagens de maior valor.
- Na prática, quanto mais cara a corrida para o passageiro, menor é o ganho do motorista por minuto trabalhado.
- “Quanto maior o valor da viagem, maior é a fatia que a Uber retém. Isso significa que, conforme o cliente paga mais, o motorista efetivamente ganha menos por minuto”, explicou Reuben Binns, professor associado e autor principal da pesquisa.
- O levantamento mostra que a renda horária dos motoristas, ajustada pela inflação, caiu de mais de £ 22 para pouco mais de £ 19 antes dos custos operacionais, como combustível e manutenção.
- Além disso, os profissionais estão passando mais tempo ocioso, sem remuneração, aguardando novas corridas.

Comissão da Uber chega a ultrapassar 50% em alguns casos
Outro dado que chama a atenção é o crescimento da participação da Uber sobre cada viagem. Antes da mudança no algoritmo, a média da comissão era de cerca de 25%. Atualmente, o percentual subiu para 29% e, em alguns casos específicos, ultrapassa a marca de 50% do valor total da corrida.
Para os pesquisadores, esses números evidenciam um problema estrutural na relação entre a plataforma, os motoristas e os usuários. O estudo levanta questionamentos sobre a falta de transparência e a justiça nos modelos de remuneração da economia de plataformas, como é o caso do Uber.

Os resultados serão apresentados oficialmente na ACM Conference on Fairness, Accountability, and Transparency (FAccT 2025), evento internacional que discute temas relacionados a ética e responsabilidade em sistemas baseados em algoritmos, no final de junho.
O Olhar Digital entrou em contato com a Uber para solicitar um posicionamento sobre os dados apresentados na pesquisa e aguarda retorno. Assim que a empresa se manifestar, esta matéria será atualizada.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/06/24/pro/uber-cobra-mais-dos-clientes-e-paga-menos-aos-motoristas-diz-estudo/