19 de fevereiro de 2025
Um bunker realmente te protegeria de uma explosão nuclear?
Compartilhe:

Das invenções humanas, a bomba nuclear é a com maior capacidade de causar catástrofes colossais. Por isso, abrigos subterrâneos conhecidos como “bunkers” foram criados para proteger as pessoas dessas potentes armas de destruição em massa. Porém, a verdade é que essas estruturas podem ser menos eficiente do que o imaginado

“Tudo depende de onde está o bunker e da qualidade da bomba”, disse Norman Kleiman, professor associado de ciências da saúde ambiental e diretor do curso de treinamento de oficial de segurança contra radiação da Universidade de Columbia, ao site Live Science.

Uma oportunidade em meio a crise

De acordo com o professor, os abrigos antiaéreos surgiram no período da Guerra Fria. Nesse momento, os EUA e a União Soviética viviam uma tensão mutua em relação a um conflito com o uso de armas nucleares.

Os governos dos dois países desenvolveram programas para construir bunkers em edifícios públicos importantes. O objetivo era encorajar os indivíduos a construir seus próprios abrigos em casa. Para Kleinmen, é possível que algumas pessoas do ramo de construção estivessem procurando ganhar dinheiro em meio a crise.

Interior de um bunker em Konjic, na Bosnia e Herzegovina. (imagem: Fotokon / Shutterstock)

Leia também:

  • Como funciona a bomba nuclear?
  • Qual foi a maior explosão nuclear do mundo?
  • Bomba atômica e a bomba de hidrogênio: qual a diferença?

Novas armas para velhos abrigos

Um bunker não garante necessariamente segurança no caso de uma explosão nuclear. A eficiência do edifico depende da potência da bomba e da qualidade da estrutura.

As armas atuais são bastante diferentes das desenvolvidas em meados do século XX. Atualmente, esse tipo de explosivo é muito mais poderoso, em grande parte porque detonam através de uma reação diferente das bombas do passado.

Na década de 1950, as ogivas nucleares tinham núcleos feitos do elemento radioativo plutônio ou de urânio-235. Nelas, os átomos eram divididos num processo chamado fissão, causando uma explosão enorme.

Bunker da Segunda Guerra Mundial na fronteira entre a República Tcheca e a Alemanha
Bunker da Segunda Guerra Mundial na fronteira entre a República Tcheca e a Alemanha. (Imagem: geogif / Shutterstock)

“O tamanho desses dispositivos era muito menor, ordens de magnitude menores do que as armas nucleares atuais”, disse Kleiman.

Atualmente, esse tipo de bomba depende da fusão de hidrogênio. Os dispositivos modernos utilizam a explosão atômica anterior apenas para desencadear uma detonação termonuclear muito maior. O raio de destruição desse modelo pode chegar até 160 quilômetros, cerca de cem vezes maior do que o das utilizadas em Hiroshima e Nagasaki.

“Se você estiver a 1.000 quilômetros de distância de um dispositivo termonuclear, talvez um abrigo possa ajudá-lo”, disse Kleiman. “Mas se você estiver em qualquer lugar dentro desse raio de explosão, o calor, o impacto – isso vai acabar com você.”

A primeira bomba de hidrogênio britânica
A primeira bomba de hidrogênio britânica, 1957. (Imagem: Royal Air Force / Shutterstock)

A explosão não é o fim

Após a detonação, um novo problema surge: a radiação. É possível construir um bunker para proteger seus usuários da radiação, segundo Kleiman. Para isso, as paredes devem ser revestidas com 0,9 a 1,5 metros de concreto e aço, além de chumbo.

Se o abrigo estiver intacto e com chumbo embutido nas paredes e portas, há pouco risco da exposição de seus ocupantes. Além disso, a entrada “tem que ser em zigue-zague”, disse Kleiman. A radiação viaja em linha reta, então uma entrada em zigue-zague a afastaria.

Peter Caracappa, diretor-executivo do programa de segurança radiológica da Universidade de Columbia, dividiu a capacidade de proteção de um abrigo em três componentes: 

  • O quão eficaz é a estrutura para resistir à explosão
  • Quanto material há entre o ocupante e a radiação emitida
  • O quão bem o edifício pode impedir a entrada de material radioativo
Pessoa com roupa contra a radiação
Doenças como o câncer podem surgir após a exposição à radiação a longo prazo. (Imagem: Anelo / Shutterstock)

A radiação letal persiste por dias após a detonação, por isso os ocupantes do bunker devem permanecer lá dentro para evitar intoxicação. O abrigo precisa não apenas ser equipado com suprimentos para o tempo em que será usado, mas também deve ventilar sem deixar entrar qualquer toxina.

Para Kleiman, o tempo necessário dentro da estrutura é de cerca de uma semana. “Isso não significa que (após esse período) seja seguro, significa apenas que os níveis de radiação são baixos o suficiente para que você não morra de envenenamento agudo”.

Assim, embora um bunker a poucos quilômetros da área de detonação não seja muito útil, um bom abrigo a dezenas de quilômetros poderia proteger os habitantes da radiação durante dias. “É realmente uma questão de proteção. Proteção contra o calor, proteção contra explosão e proteção contra radiação”, conclui Kleiman.

O post Um bunker realmente te protegeria de uma explosão nuclear? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/02/16/ciencia-e-espaco/um-bunker-realmente-te-protegeria-de-uma-explosao-nuclear/