
Durante anos, trabalhar com tecnologia significava criar aplicativos divertidos e tirar cochilos em salas coloridas. Era o auge das redes sociais, dos emojis e dos escritórios com mesa de pingue-pongue. Mas o clima mudou. Agora, o que brilha no mercado são chips, drones, robôs, fábricas e até armas.
As empresas que antes brigavam para criar o próximo app de filtro de foto agora disputam quem consegue mais placas de vídeo poderosas, do tipo usadas para treinar computadores que aprendem sozinhos. Investidores que gastavam fortunas em aplicativos de paquera ou redes sociais para pets agora colocam milhões em projetos de engenharia pesada, satélites e ferramentas militares.
O Vale do Silício, antes centrado nas cidades ensolaradas de Palo Alto e Menlo Park, também subiu o mapa. Agora, é em São Francisco que as coisas acontecem. Ruas antes dominadas por lojas vazias e cafés hipsters foram ocupadas por engenheiros, programadores e empresas obcecadas por performance.
O novo cenário lembra menos um campus universitário colorido e mais um laboratório de ciência aplicada com cheiro de placa-mãe “frita”, como define o jornal The New York Times.
O novo jogo do poder
Com o boom da IA, empresas como Google e Meta trocaram boa parte da equipe. Saiu o pessoal do marketing, dos discursos motivacionais e das redes sociais. Entraram os engenheiros que entendem de matemática pesada, computadores superpotentes e códigos que ninguém decifra sem uma calculadora por perto.
Mesmo depois de perderem dinheiro com criptomoeda e metaverso, os investidores voltaram com força. Hoje, basta colocar “inteligência artificial” na apresentação para atrair milhões. Muitos empreendedores que tinham fugido da Califórnia durante a pandemia estão voltando para onde tudo acontece, atrás de dinheiro, ideias e conexões.
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E, por mais digital que esse mundo pareça, o mercado da vez ainda funciona cara a cara. Os negócios nascem em festas, encontros entre programadores, cafés lotados de notebooks e conversas no boca a boca. Os fundadores estão em guerra, disputando atenção, talentos e investimentos como se fosse uma nova corrida do ouro. Só que agora, quem brilha não são as pepitas, e sim as linhas de código.
E no centro de tudo, ainda tem gente
Por trás das máquinas potentes, dos bilhões em investimento e das conversas recheadas de termos técnicos, ainda existe algo bem simples movimentando tudo isso: pessoas. O Vale do Silício pode ter mudado de endereço, de foco e de linguagem, mas continua girando em torno de ambição, medo de ficar para trás e a eterna vontade de ser o primeiro a inventar o futuro.

A diferença é que agora o jogo ficou mais sério. As apostas deixaram de ser os apps da moda e passaram a envolver energia, segurança, infraestrutura e decisões que podem afetar o mundo inteiro. Não é mais só sobre conectar amigos ou facilitar o dia a dia. É sobre mexer com o que importa de verdade: poder.
Ninguém sabe ao certo se tudo isso vai transformar o mundo ou acabar como mais uma bolha tecnológica. Mas, por enquanto, uma coisa continua valendo: quando o Vale se move, o resto do planeta presta bastante atenção ao que está acontecendo.
O post Vale do Silício muda de cara e aposta tudo no futuro apareceu primeiro em Olhar Digital.
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