28 de novembro de 2025
Vídeo mostra meteoro duplo em Porto Rico – fenômeno real
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Um meteoro duplo foi registrado na segunda-feira (24), às 23h14 (horário de Brasília), em Cabo Rojo, Porto Rico. Embora grande parte das imagens semelhantes a esta seja ilusão de ótica, existem casos reais, como o que parece ser desta vez.

Esse fenômeno acontece quando dois ou mais pedaços de um mesmo corpo espacial entram na atmosfera quase ao mesmo tempo e próximos um do outro, criando dois rastros luminosos quase simultâneos. Isso pode ocorrer porque o objeto já estava fragmentado no espaço ou porque se partiu pouco antes da entrada.  

Raríssima imagem de um meteoro duplo flagrado em Porto Rico dia 25 de novembro de 2025. Crédito: Frank Lucena via Spaceweather.com

De acordo com o pesquisador e astrofotógrafo porto riquenho Frankie Lucena, o evento foi confirmado pela Sociedade de Astronomia do Caribe. “Acredita-se que o fenômeno tenha sido causado pela divisão de uma pequena rocha em duas antes de entrar na atmosfera”, descreveu Lucena ao Spaceweather.com. “Quando vi a gravação pela primeira vez no meu monitor, pensei que não poderia ser um meteoro, mas, ao ampliar a imagem, notei que a ablação era semelhante à de outros meteoros que já registrei, especialmente o clarão intenso pouco antes de desaparecer”.

A imagem mostra duas luzes seguindo praticamente lado a lado, até desaparecerem quase ao mesmo tempo, o que levanta a dúvida: seriam meteoros “gêmeos” ou apenas uma coincidência visual?

O que são meteoros duplos

Meteoros duplos acontecem quando um meteoroide – um pedaço de cometa ou asteroide – se fragmenta durante ou pouco antes da entrada na atmosfera terrestre. Cada pedaço segue uma rota muito próxima, aquece ao atravessar o ar e produz dois ou mais rastros luminosos quase simultâneos. 

O caso registrado em Porto Rico lembra um episódio bem mais impressionante ocorrido no Brasil em 2019. Na ocasião, a estação EMM2/MA da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon), em São José do Ribamar (MA), captou nove meteoros passando juntos em menos de um segundo. Todos seguiam paralelos, indicando que eram fragmentos de um mesmo meteoroide que já chegou à atmosfera dividido.

O evento brasileiro chamou tanta atenção que ganhou destaque no site da Organização Mundial de Meteoros (IMO), justamente pela raridade e por não estar ligado a nenhuma chuva de meteoros conhecida. “Agrupamentos de meteoros já haviam sido registrados anteriormente, a maioria deles, durante os surtos da Chuva de Meteoros Leônidas no início desse século. Este registrado por Edgar se mostra um tipo muito raro de agrupamento registrado fora do período de uma grande chuva e seu radiante preliminarmente calculado não parece pertencer à nenhuma chuva de meteoros conhecida”, explica Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Bramon e colunista do Olhar Digital.

Segundo o especialista, a fragmentação pode acontecer por vários motivos. O objeto pode se partir horas ou dias antes da chegada à Terra, seja pela ação do Sol, pela presença de materiais voláteis em sua composição ou até pela colisão com partículas minúsculas no espaço. Em alguns casos, os fragmentos podem até ter sido liberados recentemente por um cometa em passagem próxima. 

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Maioria das “bolas de fogo duplas” não são reais

Embora sejam fenômenos verdadeiramente impressionantes, a maioria das “bolas de fogo duplas” normalmente não passam de uma ilusão de ótica provocada pelas próprias câmeras que gravam os eventos. 

Bola de fogo “dupla” no céu é algum fenômeno peculiar dachuva de meteoros Oriônidas ou apenas truque de luz? Crédito: Sociedade Americana de Meteoros (AMS)

Segundo Robert Lunsford, especialista da Sociedade Americana de Meteoros (AMS), esses equipamentos usados para monitorar o céu são protegidos por uma cúpula de acrílico transparente com revestimento antiembaçante – e é justamente essa camada que pode causar reflexos e criar o efeito de duplicação. 

“Essas câmeras tendem a gerar imagens duplicadas nos eventos mais brilhantes”, explicou Lunsford ao site Space.com. “As bolas de fogo secundárias aparecem sempre na mesma posição em relação ao meteoro principal, o que indica que o reflexo vem do acrílico e não de um segundo objeto real.”

Cada registro de meteoro, seja único ou múltiplo, amplia o conhecimento sobre o comportamento dos pequenos corpos do Sistema Solar. Esses eventos reforçam a importância de análises cuidadosas e verificações técnicas, garantindo interpretações precisas antes de qualquer conclusão sobre o que realmente cruzou o céu.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/11/28/ciencia-e-espaco/video-mostra-meteoro-duplo-fenomeno-real-ou-ilusao-de-otica/