Todos sabemos que os chatbots de inteligência artificial não passam de máquinas treinadas para fazer seu trabalho: simular uma conversa humana. No entanto, ao manter um diálogo com as ferramentas, esse conhecimento pode se confundir e fazer o usuário acreditar que realmente está conversando com alguém por trás da tela. Quem nunca falou “por favor” e “obrigada” aos chatbots de IA?
Essa associação da tecnologia com uma pessoa real pode levar usuários a atribuir sentimentos e pensamentos humanos a estes sistemas, o que leva a uma relação entre eles. Também, pode levá-los a estranhar a relação construída com a tecnologia (afinal, não passa de uma tecnologia). Um pesquisador estadunidense ficou intrigado com isso e resolveu estudar porque essa associação acontece.
Leia mais:
- Você deve usar “obrigado” e “por favor” no ChatGPT, Gemini e outras IAs?
- Como uma inteligência artificial (IA) ‘aprende’?
- 10 melhores chatbots para usar no ChatGPT
Pesquisas anteriores sobre a relação com a IA
O artigo em questão foi publicado recentemente na revista Computers in Human Behavior: Artificial Humans, conduzido pelo professor da Escola Luddy de Informática, Computação e Engenharia em Indiana Karl F. MacDorman.
Porém, ele se baseia em um estudo anterior que já havia analisado uma teoria conhecida como “percepção da mente”. Essa hipótese propõem que as pessoas se sentem estranhas quando expostas a robôs que se assemelham muito a humanos porque atribuem consciência a essas tecnologias.
A pesquisa anterior da qual ele se refere foi publicada em 2012 por dois pesquisadores da Universidade de Harvard e da Universidade da Carolina do Norte. Ela estudou o que chamou de “vale misterioso”, termo para descrever a natureza enervante dos robôs com qualidades semelhantes às humanas.
Pesquisa atual
Porém, MacDorman estava cético se a explicação para a “percepção da mente” realmente tinha a ver com o conceito de “vale misterioso”. Ou seja, se a relação entre a visão dos humanos sobre os robôs (atribuindo, por exemplo, empatia a eles) realmente tinha a ver com as características humanas deles.
Para testar novamente essa relação, o pesquisador criou novos tipos de experimentos. Um deles era separar grupos de participantes que não acham que as máquinas têm consciência de outro grupo que pensa o contrário.
Ele explicou ao TechXplore o objetivo disso:
Este experimento nos permite comparar o quão assustadores são os mesmos robôs quando são vistos por um grupo de pessoas que lhes atribui mais consciência e por um grupo que lhes atribui menos. Se Gray e Wegner (2012) [os pesquisadores anteriores] estivessem corretos, o grupo que atribui mais consciência também deveria achar os robôs mais misteriosos, mas os resultados mostram o contrário.
Karl F. MacDorman
Conclusões sobre a percepção da consciência da IA
- O estudo focou especificamente na percepção de que a relação com robôs parecidos com humanos é “estranha”, no sentido de um nervosismo em tê-la.
- O que o pesquisador descobriu com os experimentos é que os indivíduos que atribuem consciência à IA não consideram a sua relação com eles (ou os próprios robôs) mais estranhos por conta da semelhança humana;
- MacDorman propõem que as descobertas da vez indicam que, ao invés de estar ligado à “percepção da mente”, o “vale misterioso” tem a ver com estímulos automáticos associados à relação com a tecnologia;
- Ao final, ele explica que tudo isso tem a ver com o estudo de como a relação dos humanos com as IAs mais avançadas estão se desenvolvendo, e como isso pode apoiar a criação de novas tecnologias no futuro.
O post Você também acha a IA estranhamente parecida com humanos? Estudo explica motivo para isso apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/04/26/pro/voce-tambem-acha-a-ia-estranhamente-parecida-com-humanos-estudo-explica-motivo-para-isso/