
O mercado brasileiro de streaming deve continuar sua trajetória de forte expansão nos próximos anos, superando o ritmo de crescimento global. De acordo com a Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia da consultoria PwC, divulgada pelo jornal O Globo, o país deverá atingir 85,4 milhões de assinantes até 2028, contra 60,2 milhões registrados em 2023. O avanço representa um crescimento anual médio de 7,2%, enquanto a média global é de 5%.
A projeção é que o setor movimente US$ 5,5 bilhões — o equivalente a R$ 31,2 bilhões — no Brasil até 2028, com destaque para plataformas como Netflix, Amazon Prime, HBO Max e o serviço nacional Globoplay. Este último é apontado pela PwC como um concorrente local relevante frente às gigantes internacionais, graças à ampla base de usuários e à oferta robusta de conteúdos nacionais.
Apesar do cenário promissor, a monetização via publicidade, estratégia que já ganha tração em mercados desenvolvidos, ainda encontra resistência no Brasil. A previsão é que, em 2028, apenas 6,5% da receita do setor no país venha de anúncios, frente a uma média global de 27,7%.
Segundo Ricardo Queiroz, sócio e líder de tecnologia, mídia e telecomunicações (TMT) da PwC Brasil, a barreira está no perfil do consumidor nacional. “Esse é um modelo que começou a aparecer no Brasil a partir de 2022. Mas geralmente o assinante que paga muito pra ter acesso a conteúdo, não quer interrupção”, explica.
Nos Estados Unidos, o modelo híbrido — que oferece assinaturas mais baratas com exibição de anúncios — já é adotado por empresas como Netflix e Disney+. A estratégia costuma ser acompanhada de medidas complementares, como o combate ao compartilhamento de senhas e o investimento em conteúdos ao vivo, como eventos esportivos, para ampliar o alcance e atrair anunciantes.
O relatório também destaca a tendência crescente dos pacotes combinados de streaming, que resgatam a lógica da antiga TV por assinatura. Nos EUA, por exemplo, Disney e Warner Bros. Discovery anunciaram uma parceria para oferecer um combo com Disney+, Hulu e Max. Já operadoras de TV a cabo passaram a incluir serviços de streaming em seus planos, criando novas possibilidades de fidelização.
Outro vetor relevante para o crescimento do setor é a publicidade em TV conectada (Connected TV ou CTV), que deve dobrar de valor no Brasil até 2028 e alcançar US$ 1,1 bilhão. Essa tecnologia permite anúncios mais segmentados durante a exibição de conteúdos on demand. A receita atual com CTV já supera US$ 650 milhões no Brasil e deve crescer ainda mais com a introdução de formatos como a “TV comprável” — que possibilita compras diretas a partir de anúncios interativos, tecnologia já em teste nos EUA após a aquisição da fabricante Vizio pelo Walmart.
Por fim, a PwC também aponta a entrada de novos concorrentes no mercado, como o Mercado Play, do Mercado Livre, que agrega diversos serviços de streaming em uma única plataforma, como uma tentativa de diversificar a oferta e atrair diferentes perfis de consumidores.
O estudo reforça que, embora o Brasil esteja consolidado como um dos principais mercados emergentes para o streaming, o grande desafio está em adaptar modelos globais ao comportamento do público local — que, por enquanto, continua preferindo pagar mais para ver menos anúncios.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/brasil-deve-chegar-a-85-milhoes-de-assinantes-de-streaming-ate-2028-em-mercado-bilionario/