
A inflação oficial do país perdeu força em abril, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,43% no mês, após uma elevação de 0,56% em março. O resultado ficou em linha com as expectativas do mercado, que projetava avanço de 0,42%, segundo levantamento do jornal Valor Econômico.
Apesar da desaceleração, o índice ainda representa a maior alta para meses de abril desde 2023, quando o IPCA avançou 0,61%. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação atingiu 5,53%, superando com folga o centro da meta de 3% perseguida pelo Banco Central, ainda que dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Os principais responsáveis pela alta foram os medicamentos e os alimentos, embora a inflação do grupo de alimentos e bebidas tenha registrado leve recuo em relação ao mês anterior. A elevação dos preços dos remédios refletiu o reajuste autorizado pelo governo federal no fim de março, com impacto direto na cesta de consumo das famílias.
Outro ponto de atenção tem sido a inflação de serviços, que permanece elevada e chegou próxima de 6% no acumulado em 12 meses, indicando persistência de pressões no setor.
Impactos da política monetária e do cenário internacional
A expectativa de arrefecimento mais consistente da inflação está agora ligada ao fim do ciclo de alta dos juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deu sinais na última quarta-feira de que a Selic, atualmente em 14,75% ao ano, pode estar próxima de sua estabilidade. O aperto monetário iniciado para conter o avanço dos preços parece, segundo o BC, estar finalmente surtindo efeito sobre a demanda.
O cenário internacional também deverá influenciar a dinâmica dos preços nos próximos meses. A recente escalada da guerra comercial entre os Estados Unidos e seus parceiros globais, intensificada após o anúncio de novas tarifas pelo presidente Donald Trump, trouxe incertezas que podem provocar um esfriamento da atividade econômica global. Segundo o comunicado do Copom, essa desaceleração tende a reduzir a pressão sobre os preços das commodities, como alimentos e combustíveis.
O petróleo, por exemplo, já vem registrando queda nas cotações internacionais desde o início do conflito tarifário. Com isso, a Petrobras promoveu três reduções consecutivas nos preços do diesel nas refinarias. Se esse movimento se consolidar, poderá aliviar dois dos principais componentes de pressão inflacionária recentes: transporte e alimentação.
Perspectivas para o ano
Mesmo com os primeiros sinais de alívio, a projeção para a inflação em 2024 segue acima da meta oficial. De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a mediana das expectativas do mercado aponta para uma alta de 5,5% no IPCA ao final do ano.
O governo e o Banco Central seguem monitorando o “balanço de riscos”, que inclui, além das tensões externas, o comportamento fiscal doméstico, a evolução do consumo interno e os efeitos defasados do aperto monetário. A combinação desses fatores será determinante para os próximos passos da política de juros e para a trajetória da inflação no segundo semestre.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/inflacao-desacelera-em-abril-mas-ainda-supera-meta-do-banco-central/